quarta-feira, 5 de junho de 2013

Campanha: PAUL MCCARTNEY IN AMAZÔNIA está unindo todas as tribos em Manaus


Paul in Amazônia- Manaus 2014 é uma campanha criada por três fãs de Beatles de diferentes gerações aqui em Manaus e tem como objetivo chamar a atenção de empresários do artista para o fato de que no Norte do Brasil tem público interessado em uma apresentação de Sir Paul McCartney em Manaus.

A proposta da campanha é realizar inúmeras ações desde página no facebook, 
com mais de 10 mil curtidas, implantação de um site, sorteios, realização de videoclipes com artistas locais que apoiam o projeto e ainda participação de Beatles na Rua, uma ação que vai movimentar o centro da cidade, onde vão gravar para canal no youtube os trabalhadores do centro cantando trechos de músicas dos Beatles ou do Paul, tudo em prol da atenção dos produtores do artista


O ex-Beatle Paul McCartney sempre que vem ao Brasil procura tocar em capitais que nunca tocou, a exemplo dos últimos anos, Florianópolis, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e Goiânia.  Paul já esteve em todas as regiões do Brasil, menos no norte.  

A campanha por Manaus é justa pelo apelo, cidade sede da copa de 2014, tendo a Arena da Amazônica como o grande palco, tanto para o show deste porte como para os eventos esportivos. E principalmente por Manaus ser considerada a Capital da Amazônia. Portanto damos inicio a campanha: Paul McCartney na Arena da Amazônia em 2014!



Se os mineiros conseguiram fazer o ex-Beatle Paul McCartney falar 'uai' e contribuir para a realização do show em Belo Horizonte através de uma campanha na internet, agora é a vez dos manauaras tentarem incluir a capital amazonense na próxima turnê brasileira do cantor e para isso inúmeros artistas adotaram a causa e estão ajudando na campanha. Um exemplo disso é o cantor do Boi Garantido, Carlos Batata que gravou um vídeo. Vejam:

PAUL IN AMAZONIA - Apoio Carlos Batata

ARTISTAS QUE JÁ CONFIRMARAM APOIO:

.    Critical Age

     Os Tucumanus

.    Black Mersey

.    Lucilene Castro

.    Milena Di Castro

.    Nicolas Junior

.    Oficial 80

.    Mundo Paralelo

    Karine Aguiar

.   Ketlen Nascimento

.   Alados

   Carlos Batata

   Tenessee

   Grupo do Arte Ocupa 
   Entre outros que mais tarde falarei por aqui!



domingo, 7 de abril de 2013

SER Jornalista

Nesses quase dois anos exercendo a profissão, mesmo ainda não sendo formada (em breve - só no fim deste ano) aprendi que SER JORNALISTA, não é apenas estar à frente das câmeras ou mesmo escrever inúmeros textos. Ser Jornalista é sentir, pensar e acima de tudo trabalhar, pois mesmo com poucas palavras e algumas pequenas ações, esse profissional pode sim mudar a vida das pessoas e isso só me faz querer aprender mais, me especializar melhor e continuar prezando a verdade e a informação sempre. 

(...) escrever para um jornal é uma grande experiência que agora renovo, e ser jornalista, como fui, e como sou hoje, é uma grande profissão. O contato com o outro ser através da palavra escritas é uma glória.

CLARICE LISPECTOR - Jornal do Brasil, 20 de abril de 1968.





Todos os dias eu tento SER Jornalista, mas não é fácil. Ai de quem acha ou crê que é uma profissão com muito glamour ou apenas de status. Jornalista sofre, dia e noite, e tem que sofrer mesmo, por ter em mãos detalhes de informação que pode ou não destruir ou mudar uma vida. 

O cuidado com uma vírgula, um ponto, uma interrogação. Duvidar sempre, mesmo depois de ter escrito umas trezentas vezes e lido umas duzentas o seu próprio texto. Isso é o fazer jornalístico, isso é trabalho de cada dia. 
Engana-se aquele que acredita que é impossível SER Jornalista de corpo e alma, ao mesmo tempo que busca em outras profissões aprender mais e desenvolver melhor o seu papel frente a sociedade, mesmo ainda não sendo formado. 



Bendito é aquele que faz a diferença numa redação, seja ele, produtor, repórter, cinegrafista, fotógrafo, editor e afins. E acima de tudo, feliz é aquele que luta por essa profissão e acredita como a própria vida.
Feliz dia do Jornalista, em especial aos amigos que estão na luta para se formar e já estão na área...

terça-feira, 2 de abril de 2013

O Cinema Britânico e a sua New Wave


O Cinema Britânico e a sua New Wave

CHAMADA
O Reino Unido teve uma grande influência sobre o cinema moderno, principalmente entre o final da década de 1950 e o início da década de 1960, anos nos quais apresentou em tela o corpo e voz de personagens da classe operária. Assim como os Beatles – que ainda iriam explodir, filhos da mesma classe -, o cinema britânico trouxe um novo olhar e uma nova perspectiva à sétima arte.
Semelhante à Nouvelle Vague na França, o cinema inglês começou a tomar força inebriado por esses ares de renovação cinematográfica trazidos pelos franceses, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente aceitas pelo cinema mais comercial, com vários novos cineastas apresentando algo de novo, de diferente ao cinema britânico. Nesse contexto surgiu a New Wave no Reino Unido.
A partir disso, o cinema britânico deixou de lado os documentários dos anos 1930 – do Movimento Documentarista Britânico de John Grierson, que abordavam o gênero de uma forma pioneira -, e ainda, dos anos 1940, começo da 2° Guerra, onde o inimigo era a Alemanha – algo que cedeu à indústria um propósito, uma história para contar, sendo Michael Powell e Emeric Pressburger cineastas protagonistas nesse movimento.
New Wave revelou cineastas como Tony Richardson, pertencente ao pequeno, porém precursor,Movimento Free Cinema, iniciado por alguns cineastas desiludidos na Grã-Bretanha da década de 1950 que lutavam para obter seu visto de trabalho. Fazia parte desse movimento Karel Reisz, um dos mestres na montagem que, no final dos anos 1950, acrescentaria essa nova estética e introduziria valores sociais nos filmes ingleses.
Já o diretor Jack Clayton, com o longa “Almas em Leilão”, de 1959, marcou o início de uma série de filmes realistas, cujos argumentos analisavam os problemas da classe trabalhadora. John Schlesinger e até o norte-americano Richard Lester (diretor dos dois filmes dos Beatles) também tiveram sucesso e uma boa repercussão dessa maneira, e em 1964, o cinema britânico conquistou um Oscar com Tony Richardson e o seu filme “As Aventuras de Tom Jones”, baseado num clássico da literatura de Henry Fielding.
001
Antes mesmo de todo esse sucesso, a Inglaterra já tinha sido acusada, pelo próprio Truffaut inclusive, de não ser um país onde a cinematografia fosse forte ou até relevante, pois as maiores figuras inglesas do cinema – Charles Chaplin e Alfred Hitchcock – migraram para os Estados Unidos. Entretanto, de lá para cá muita coisa mudou e os recursos se modernizaram – embora os diretores britânicos Hitchcock e David Leanpermaneçam entre os mais aclamados de todos os tempos, juntamente com outros importantes nomes como Charles Chaplin, Michael Powell, Carol Reed e Ridley Scott.
O cinema britânico, algumas vezes negligenciado, vem ocupando um lugar intermediário entre a indústria comercial de Hollywood e o cinema europeu de qualidade, e continua a influenciar novas gerações. Por isso, o Instituto Britânico de Cinema (British Film Institute, sigla BFI) organizou uma votação para escolha dos 100 melhores filmes britânicos do século XX. Mil pessoas foram selecionadas entre produtores, diretores, escritores, atores, técnicos, acadêmicos, exibidores, distribuidores, executivos e críticos que fazem parte da elite cultural britânica.
Para os amantes da sétima arte, e para aqueles que gostariam de conhecer um pouco do cinema britânico, abordaremos em posteriores colunas dois longas que fazem parte da New Wave.

sábado, 30 de março de 2013

Todos contra Joana d’Arc: O Falso Processo de uma Santa


Todos contra Joana d’Arc: O Falso Processo de uma Santa

CHAMADA
Extremamente digna, de fé inabalável e na defesa de sua integridade como pessoa humana. É assim queRobert Bresson apresenta a jovem e corajosa Joana d’Arc no indispensável e belíssimo filme “O Processo de Joana d’Arc“, de 1962.
É indiscutível a importância histórica de Joana d’Arc para o mundo, em especial para Europa. Ícone da religião católica, a Santa Padroeira da França ganhou inúmeras manifestações artísticas sobre sua vida, tanto que a sétima arte tomou posse e realizou incansáveis filmes sobre ela. No entanto, este de Bresson é o que mais se aproxima do verdadeiro processo que levou à fogueira a Santa Guerreira.
O filme conta em detalhes partes do processo que julgou e condenou Joana d’Arc em 1431. Para tanto,Bresson teve acesso aos textos autênticos do processo, a minuta de condenação do mesmo e também recolheu depoimentos e testemunhos do processo de reabilitação que aconteceu vinte e cinco anos depois do ocorrido. Assistir a filmes de Robert Bresson é uma oportunidade única para se repensar o cinema como um todo, e quando ele decidiu falar sobre a Donzela de Orléans, fez de uma forma única e genial.

“Bresson é um objeto estranho dentro da história do cinema…”

Luiz Oricchio, em depoimento nos extras do filme



Por mais que seja de conhecimento geral que o julgamento era uma farsa – pois havia interesse político acima da fé – vamos aos fatos: a França estava em guerra contra Inglaterra – a Guerra dos Cem Anos – que estava dominando o país e Joana ajudava a França a se levantar. Os franceses pró-Inglaterra, prenderam-na, acusaram-na de bruxaria e mais tarde venderam-na para os ingleses. Motivo? Por vencer batalhas, vestida com roupas de homem, e afirmar ouvir vozes da Santa Catarina, Santa Margarida e São Miguel.
Sendo assim, a qualquer preço ela tinha que morrer para acabar de vez com a fama de santa, que naquela época já se espalhara. Foi levada à fogueira por heresia.

“O processo é uma farsa, sem defensor, nem conselheiro.”

Padres, no filme



Quando o filme começa, Joana está presa a meses no Castelo de Rouen e é testada de todas as formas possíveis, desde tortura psicológica a pessoas vigiando-a 24h, sendo interrogada dia após dia. Ela se defende com palavras – e uma extrema fortaleza moral na defesa das ideias e de sua fé – às acusações levantadas pelos juízes de Rouen, pois não tinha conselheiro e nem defensor. O que a confortava eram as vozes das santas e anjos, que não são ouvidas por quem está assistindo o longa – o espectador só tem conhecimento disso através das afirmações da jovem.
Fiel à linha de pensamento do cinema Bressoniano, o filme é breve e intenso. Em seus poucos 65 minutos de duração, não possui muitos recursos cinematográficos, como cenários – o longa se reveza entre o quarto onde Joana está aprisionada, a sala de julgamento e, mesmo no final, a praça pública onde Joana será queimada. Não há uma trilha sonora, e sua protagonista é uma atriz não profissional, ou melhor, uma modelo, como o diretor chamava Florence Delay, que realmente encanta ao interpretar e toma para si este papel de tamanha importância no cinema.

“Roteiro e recorte de cenas acabam problematizando as ideias cinematográficas do diretor, como, por exemplo, sua concepção particular de cine-escritura e de modelo em oposição a ator. Centrado no processo da condenação de Joana, o roteiro recompõe as palavras entoadas, mas que não tinham sido ouvidas.”

Lucas de Castro Murari, em artigo da Faculdade de Artes do Paraná



Uma das cenas memoráveis do longa traz Joana sendo levada no meio da multidão que clama a sua morte. Nela Bresson mostra/filma apenas os pés da jovem a caminho da fogueira, na Praça do Mercado Vermelho, em maio de 1431. Talvez esta seja a cena que defina todo o filme, pois o pé designa igualmente o fim, posto que sempre na caminhada, o movimento começa pelo pé e termina pelo pé, e além disso, pode significar também o livre-arbítrio que Joana escolheu seguir com seu martírio, um símbolo de consolidação e uma forma de poder.
O objetivo de Robert Bresson era buscar o poder da verdade em seus filmes e em “O Processo de Joana d’Arc” ele conseguiu. A figura humana é exposta numa situação limite – enfrentar a morte não é fácil, nem mesmo para uma moça praticamente santa de apenas 19 anos – enquanto mostra a luta do indivíduo contra um poder maior que o dele e como se portar diante desse poder. Tudo isso faz este filme ser indispensável, atemporal e inesquecível para qualquer pessoa. Bresson foi realmente um pensador do cinema.

quarta-feira, 27 de março de 2013

As Damas de Bresson


As Damas de Bresson



chamada
Diferente de todos os filmes de Robert Bresson“As Damas do Bosque de Boulogne” (1945) é um filme de olhares – literalmente – que transborda emoções pelo silêncio e revela a alma dos personagens em cada cena, em especial a da anti-heroína Hélène. Ela é interpretada pela atriz espanhola Maria Casarés, responsável por deixar os cinéfilos fascinados ao roubar a cena com suas expressões inesquecíveis. Mal recebido na época de seu lançamento, este filme é hoje considerado uma das obras-primas do cinema.

“Observe-o como eu te observo.”

Jean Marchat na pele de Jacques,
personagem amigo de Hélène



Na trama, passada na década de 40, Hélène é uma mulher bela, rica e manipuladora. Logo após uma falsa declaração de término de romance com o amante Jean (Paul Bernard), ela é abandonada pelo mesmo, que aproveita o momento e afirma que os sentimentos são recíprocos e o amor já não existe entre eles há um certo tempo, declaração que os libertaria da culpa para seguirem livres com suas respectivas vidas. Porém, ele não imaginava que ela estava blefando.
Para se vingar da humilhação, ferida, em meio a manipulações e negociações, Hélène convence a dançarina de cabaré Agnès (Elina Labourdette) a seduzir e se casar com Jean, para no dia do casamento, contar o passado da jovem ao ex-amante e humilhá-lo na frente da alta sociedade parisiense. Os cenários em que se desenrola o filme são ambientes pertencentes a luxuosa e sombria casa de Hélène e um apartamento no Bosque de Boulogne, conhecido como o pulmão da França, local onde a anti-heroína instala a dançarina para morar.

“Que sejam os sentimentos que tragam os acontecimentos. Não o contrário.”

Robert Bresson



Inspirado em um dos capítulos do romance “Jacques, o Fatalista, e o Seu Mestre”, de Denis Diderot, com diálogos escritos por Jean CocteauBresson manifesta a vontade de conseguir exprimir, no cinema, o interior de um sentimento, de uma emoção verdadeira e uma ideia constante – no caso de “As Damas do Bosque de Boulogne”, a vingança.
Uma curiosidade: não é estranho que esse filme seja chamado de “Perfídia” na Itália, que em bom português – e até mesmo no italiano – significa traição, sem lealdade. Isso pode remeter tanto ao contexto de Jean, que era o amante; ao de Agnès, que entra no jogo por interesse financeiro e mudança de vida; ou mesmo ao da própria Hélène, que se sentiu traída pelo amado.

“Eu terei a minha vingança.”

Hélène (em francês soa mais maléfico/elegante)



Antes que façam um juízo equivocado da protagonista, aqui se faz necessária uma explicaçãozinha do por que Hélène é uma anti-heroína: anti-heroínas não são, necessariamente, frias e calculistas, são apenas mulheres que fogem ao padrão convencional das mocinhas do cinema e literaturas romantizadas. Hélène, não por acaso, carrega o nome da Helena da Grécia – ou melhor, Helena de Tróia -, que desencadeou uma guerra quando decidiu fugir com seu amante, protagonizando uma das maiores tragédias da era greco-romana: “A Guerra de Tróia”. E isso é apenas um exemplo.
Deixando a divagação de lado, Bresson teve formação em pintura – antes de pertencer ao cinema, ele foi artista plástico – e vislumbrava uma abstração formal, recusava as ostentações da sétima arte para tentar mostrar, a sua maneira, um filme que se conta pelos corpos, gestos e objetos, mantendo sua admiração pelo melodrama. Por este motivo foi considerado moderno, sendo tais características distintas nos filmes posteriores, mais práticos e diretos.
O mestre francês presenteia o público com esse clássico inesquecível que mantem a qualidade de um bom filme, com belas interpretações (proporcionando ao público o prazer em assistir um drama romântico com ternura e atenção, sem ter interpretações exageradas, com soluços e gritarias), um ótimo roteiro, uma rigorosa e deslumbrante direção de arte e fotografia, sob cuidados de Philippe Agostini, recebendo elogios até mesmo do cineasta, não menos lendário, François Truffaut.
Os temas apresentados também contribuem bastante para esta obra-prima permanecer entre as melhores do diretor, pois são atemporais, como a traição, a vingança e o próprio amor – neste caso, salvo engano. Como disse uma professora de cinema francês, “As Damas do Bois de Boulogne” é a história de um amor que existe de uma forma que não deveria ser, e talvez por isso – e pelos sentimentos à flor da pele, muitas vezes contidos -, permaneça por tempo indeterminado em nosso imaginário.



ATENÇÃO: TEXTO PUBLICADO NO CINESPLENDOR. NO QUAL FUI COLUNISTA.

domingo, 24 de março de 2013

A Era Beatles: Quatro Homens e Um Legado

CHAMADA
A maior e mais importante banda de todos os tempos, aquela que influenciou gerações não apenas na música, mas na cultura como um todo, também fez sucesso na sétima arte. Sim, Os Beatles, que dispensando apresentações, foram os grandes responsáveis pela invasão britânica que acabou com o domínio norte-americano, liderando a contracultura nos quatro cantos do mundo por mais de uma década.
Quando o quarteto chegou aos Estados Unidos, estava decretada oficialmente a Beatlemania. No programa “Ed Sullivan Show”, por onde passaram algumas das maiores lendas da música, os garotos de Liverpool se apresentaram, rendendo e surpreendendo a nação não apenas pelo rock and roll, mas também pelo bom humor, aquele humor cínico britânico que só o Fab Four poderia fazer.
Nessa época de histeria e idolatria, foi lançado o que seria o primeiro dos cinco filmes do grupo, “Os Reis do Ié-Ié-Ié” (1964) – originalmente, “A Hard Day’s Night”, frase pronunciada por Ringo Starr num dia difícil do quarteto -, acompanhando um álbum com mesmo nome. A velha fórmula daquele período, de fazer filmes com artistas pop, definitivamente não era a proposta deste longa, e isso fica claro quando observamos nos créditos os nomes do diretor Richard Lester, que tinha trabalhado num programa de humor escrachado chamado “The Goon Show” – adorado pelos músicos -, e do roteirista Alun Owen, um escritor de Liverpool conhecido por ter reproduzido alguns diálogos típicos de sua terra natal. Ambos optaram por um estilo realista para relatar um dia do recém-chegado estrelato dos jovens artistas, desde o assédio dos fãs e da imprensa, até a relação desleixada dos meninos com os compromissos da banda.
01O que mais chama atenção na produção são as personalidades artificiais de cada um dos Beatles – que voltariam a aparecer nos filmes posteriores. George aparece como bad boyRingo é um rapaz lacônico e com problemas de autoestima; John é um jovem de língua afiada, sarcástico e irônico; e Paul, o fino rapaz galanteador. Além deles, no filme é impecável a presença do mítico e “intriguento” avô de Paul, interpretado por Wilfried Brambell. Os diálogos espontâneos apresentados na obra, que muitas vezes beiram o nonsense, podem até parecer improvisados, mas não são, e até hoje o filme é considerado cultno meio musical. Quem não vibra com aquele começo, onde eles estão correndo, sendo seguidos por fãs enlouquecidas e com direito a um tombo do George na sequência?!
Nesse contexto surge uma onda de consumismo em tudo que se referia a Beatles: guitarras, carteiras, meias, lancheiras, cortinas e até perucas. Aproveitando toda essa repercussão, e ironizando a situação,“Beatles For Sale” é lançado. No meio disso tudo, com excursões, gravações e após o sucesso de “Os Reis do Ié-Ié-Ié”, a United Artists convocou novamente o produtor Walter Shenon e o diretor Richard Lesterpara realizarem o mais novo filme dos rapazes. Com apoio dos roteiristas Marc Behm e Charles Wood, em 1965, “Help!” é lançado juntamente ao álbum do mesmo nome.
O filme – uma paródia das tramas de James Bond, agente 007 – conta uma aventura muito louca, na qual os Beatles tentam evitar um sacrifício humano e são perseguidos por membros de um culto indiano que querem o anel que Ringo está usando. A produção não teve tanta aceitação quanto a anterior, apesar de ser bem engraçada, e custou o dobro por ser filmada a cores e em algumas locações exóticas. Participaram do filme, além do quarteto protagonista, os atores Leo McKern, Eleanor Bron, Victor Spinetti, John Bluthal eRoy Kinnear. Nessa época, os músicos são condecorados pela Rainha com mérito por trazerem divisas ao Reino Unido.
No dia 01 de setembro de 1967, logo após a morte de Brian Epstein, os Beatles se reuniram para traçar os rumos da banda e decidiram seguir com o projeto “Magical Mystery Tour”. Este projeto geraria sete canções e um filme para a TV pela BBC, fruto de uma experimentação, pois o roteiro e a direção foram assinados pelos próprios músicos e lançados pela Apple Films. O longa é bem psicodélico, e conta uma história que gira em torno de Ringo Starr e sua tia Jessie, que adquirem bilhetes para um passeio (tour) em um ônibus sem um roteiro conhecido pelos passageiros, mas considerado mágico e misterioso pelos seus organizadores. Neste passeio estão todos os Beatles e figuras pitorescas, inclusive uma criança, a jovem Nichola. Durante o roteiro turístico estão presentes mágicos, criando situações inusitadas e algumas vezes pitorescas, e músicas dos Beatles. Também participam da produção os membros da banda Bonzo Dog Doo Dah Band que cantam a música “Death Cab for Cutie” durante a sessão de strip-tease protagonizada pela stripper Jan Carlzon.
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Os críticos da época alegaram duas coisas sobre a produção. A primeira foi o exagero, no filme, de gracinhas particulares dos quatro, as famosas “internas”, não captadas pela audiência; e também a ausência de um roteiro ou enredo que fizesse justiça à trilha sonora – que como todas as outras, alcançou o 1º lugar das paradas rapidamente. Hoje esse filme é estudado em faculdades de Artes, pois é reconhecido como um dos precursores de um tipo de filme de comédia nonsense, cujos principais realizadores são osMonty Python.
Em 1969 foi a vez de uma aventura animada envolver os músicos, e “Submarino Amarelo” é lançado aproveitando sobras musicais que os Beatles gentilmente cederam para o filme – segundo George Martin, eles foram obrigados a fazer a trilha deste filme. Na trama, um lugar chamado Pepperland – onde se respira música -, tem a alegria ameaçada pelos vilões Blue Mennies e os Beatles são chamados para salvar o local. As vozes dos personagens do quarteto no projeto foram dubladas por outras pessoas, e não pelos próprios, e o que seria um desenho sem nenhuma participação dos Beatles reais se tornou um marco da animação, até hoje um ícone da história cinematográfica. Aliás, os próprios Beatles gostaram tanto do produto, que fizeram uma ponta no final da fita.
O último e derradeiro filme, “Deixa Estar”, foi lançado em 1970 com a ideia de mostrar a banda gravando e criando um álbum em estúdio. Entretanto, quando começaram as gravações os Beatles viviam uma série de conflitos, e quando o filme foi lançado eles já haviam se separado. Por esta razão o longa é reconhecido como documentário sobre o fim da banda, pois as câmeras captaram além das gravações, discussões e desinteresse. O filme foi dirigido por Michael Lindsay-Hoog e contou com a participação de Billy Preston nos teclados. No fim da projeção há um show realizado no telhado do estúdio da Apple, e algumas músicas gravadas durante as filmagens jamais foram lançadas oficialmente pelo grupo. O filme levou o Oscar em 1971 de Melhor Canção e o Grammy com Melhor Trilha Sonora, no mesmo ano.
Depois de tudo isso dá para se ter uma ideia do legado que esse grupo deixou, e não somente para o mundo da música, pois a genialidade dos Beatles acompanha a história, todo tipo de arte, e eles continuam atemporais. Realmente fizeram um serviço de utilidade pública para humanidade. Felizes somos todos nós que tivemos os Beatles. Mesmo que não ao vivo, apenas em filmes e belas canções, eles são eternos.